Case study
Agir contra o «Bode Expiatório»
Escola Básica.
Um jovem cigano de 16 anos, impulsivo e isolado.
Uma turma de estudantes de Ciências dos Computadores e um jovem Cigano.
Um estudante cigano foi transferido para uma escola básica muito boa na área da Ciência dos Computadores, com restrições na admissão baseadas nos níveis de aprendizagem dos estudantes. Foi-lhe dado um prémio pelo seu mérito, o que era de desconhecimento da parte dos estudantes. O recém-chegado jovem cigano não conhecia ninguém e os estudantes não fizeram nenhum esforço para o ajudar a se integrar na turma. O jovem era um pouco impulsivo com uma tendência para dizer aquilo que lhe vinha à cabeça, o que acabou por levar ao descontentamento e desagrado por parte dos seus colegas. Comummente tinha debates com o seu professor de Matemática sobre os problemas e soluções dos exercícios.
Numa tarde de inverno, quando ia da escola para casa, o seu professor de Matemática foi atacado por um homem não identificado, que usava um capuz. No dia seguinte todas as pessoas comentavam que achavam que teria sido o estudante cigano que tinha atacado o professor, apesar de não existir nenhuma prova contra o mesmo, para além de que o jovem o tinha negado.
A partir daquele momento, sempre que algo de menos positivo acontecia, toda a gente atribuía as culpas ao rapaz ou o olhava com desconfiança. O estudante começou a ficar mais isolado e afastado dos colegas. Alguns dos professores até falavam em o transferir para outra escola.
Foi um dos professores que rejeitou fortemente a transferência do aluno, através da explicação aos seus colegas dos potenciais riscos de isso acontecer. Assim, o diretor, os professores e até o diretor da sua turma persuadiram este professor a desenvolver um plano para trabalhar esta questão com toda a escola.
Neste longo processo, a ajuda do diretor de turma também foi muito útil; dada a sua formação e experiência neste tipo de situações, sabia como colocar o aluno à vontade ao ponto de este se abrir sobre os seus sentimentos e a sua experiência. Assim, eles conseguiram encontrar formas de o ajudar na interação com os seus colegas.
Currículo escolar focado nas Ciências e Matemática.
Diretor, professores e diretor de turma, bem intencionados e com uma “mente aberta”.
Envolvimento dos estudantes na escola e em projetos e programas que possam valorizar as suas qualidades. É importante tornar público o trabalho desenvolvido pelos mesmos, por exemplo através de uma apresentação das suas aprendizagens perante toda a escola. Para estes eventos importa convidar pessoas com responsabilidade local e nacional.
As aprendizagens e mérito do jovem cigano a Matemática são publicamente reconhecidos pela participação num concurso regional de Matemática, em que ficou em segundo. Tal vai aumentar a auto-estima, bem como o respeito, a auto-confiança e as atitudes dos estudantes alteram-se. É desenvolvido um sentimento de pertença ao grupo e os jovens ficam a saber mais sobre as forças uns dos outros.
Os estudantes, em pequenos grupos, trabalham de modo a que se conhecem melhor uns aos outros e aos professores. Ações comuns com o conselheiro escolar: atividades que ajudam os estudantes a se descobrirem a si mesmos, a identificarem pontos fortes, interesses, hobbies e preferências e a ajudá-los a se valorizarem na escola e na turma.
Os estudantes conhecem-se. Há uma estimulação da compreensão, comunicação e aumenta o sentimento de pertença ao grupo bem como a auto-estima, o respeito e a auto-confiança.
Organização de atividades que têm como objetivo aumentar a tolerância:
- Os estudantes avaliam as similaridades e diferenças que existem entre as pessoas e desenvolvem uma definição de diversidade: as pessoas têm diferentes crenças e valores, que diferem de pessoa para pessoa;
- Os estudantes avaliam como as pessoas desenvolvem estereótipos e como consideram que os estereótipos podem levar ao preconceito… importa assim explorar o conceito de preconceito e suas consequências. Deve haver uma sensibilização para que as pessoas não sejam julgadas com base em características que fazem parte de si e que não controlam;
- Os estudantes avaliam a natureza do ódio e a forma como o mesmo é escalado; é considerada a dificuldade de o parar quando o mesmo começa.
Estimulação da amizade:
- Os estudantes tornam-se mais tolerantes e resilientes;
- Os jovens tornam-se críticos, sendo capazes de apreciar um conjunto de diferentes perspetivas até formarem as suas próprias opiniões;
- Os jovens são ajudados a se tornarem mais colaborativos no trabalho com os outros;
- Dá-se o desenvolvimento e melhoria de técnicas de gestão de conflitos;
- Dá-se uma construção de competências utéis para a interação e colaboração.
Organização de atividades que promovam empatia.
- Jovens torna-se mais competentes no trabalho colaborativo com os outros; -Tornam-se mais resilientes às pressões da vida e têm um self mais positivo; - Desenvolvem um pensamento positivo; - Os estudantes começam a identificar e apreciar os aspetos positivos de identidades diversas e do multiculturalismo; - Desenvolvimento de auto-confiança e auto-estima.
- Envolver os estudantes em atividades extracurriculares e apoiá-los para que levam a cabo novas atividades, individuais ou em grupo. Encorajar um envolvimento construtivo nessas atividades;
- Promover iniciativas ao nível escolar e/ou comunitário (sobretudo naquelas onde os contributos dos estudantes façam a diferença);
- Promoção de programas;
- Organização de permutas escolares de jovens, o que é muito importante para o desenvolvimento das vertentes cultural, da língua, do trabalho voluntário etc.
- Desenvolvimento de um sentido de auto-estima e de aspirações futuras através do sucesso em diferentes tarefas/situações;
- Os indivíduos são colocados em contexto em que têm de lidar com diferentes pressões e desafios.
Uso de diferentes ferramentas de aprendizagem que possam ajudar a criar um ambiente educativo que encoraja a descoberta pessoal, que promove a auto-estima e a confiança, bem como as competências de escuta ativa;
- Encorajar discussões abertas e inclusivas num ambiente educativo que celebra diferentes opiniões, desafios e convenções.
- É dado apoio aos estudantes para explorarem, compreenderem e celebrarem a sua identidade;
- Desenvolvimento de competências de comunicação;
- Desenvolvimento de competências de escuta ativa.
Uso da ajuda do Conselheiro da Escola.
- O aluno está mais à vontade, pois é ajudado a se abrir e se sentir compreendido.
- Os sentimentos dos jovens são trabalhados de forma positiva construtiva.
- São exploradas formas de os jovens se conectarem com outras pessoas, na sua comunidade.
Comentários:
Os jovens podem mudar se forem ouvidos, se lhes mostrarem confiança e alternativas.
Ignorância, indiferença, falta de comunicação e de empatia com os jovens, pode colocar todos em risco.
Leva tempo e é necessária vontade para mudar condutas e mentalidades, mas pode ser uma boa solução no longo-prazo.
Conselhos:
Usar metodologias de aprendizagem variadas e flexíveis, que ajudem a criar um ambiente de aprendizagem que encoraja a auto-descoberta, levanta a auto-estima e a confiança e promove competências de escuta ativa também.
Usar atividades extracurriculares como uma ferramenta importante; os estudantes podem ver o seu impacto em outras pessoas durante essas atividades. Tal também os ajudará a compreender que a sua contribuição pode ser significativa e pode ajudar outrem.
Encorajar discussões abertas e inclusivas em sala-de-aula num ambiente de aprendizagem que respeita as opiniões e desafia as convenções dos participantes. Deste modo são também desenvolvidas competências de comunicação e escuta ativa.
Envolver todas as pessoas para que encontrem soluções.
Promover o trabalho com estudantes, numa colaboração entre a escola, estudantes, pais, comunidade e com o diretor de turma.
Usar métodos interativos que promovam a auto-estima e o respeito, a apreciação e valorização dos conhecimentos e talentos dos estudantes.
Usar métodos interativos que celebrem a cooperação e a colaboração, onde todos os indivíduos são valorizados e podem contribuir para as aprendizagens do grupo. Importa também desenvolver um sentido de pertença ao grupo.
Uso, promoção e desenvolvimento de técnicas de escuta ativa e de resolução de conflitos.
Foco nas qualidades positivas dos estudantes, fazendo-os reconhecer esses mesmos pontos positivos/qualidades. Escrever em pequenos pedaços de papel essas qualidades, para que os estudantes possam recorrer a essa informação quando estão perante uma situação mais negativa ou stressante.
Incentivar a partilha de opiniões entre estudantes para que estes saibam as perspetivas sobre si dos colegas.
Os grupos devem misturar-se, de modo a que todos os estudantes interajam com os colegas e possam trocar as suas perspetivas sobre os seus aspetos positivos.
Exigências pelas instituições educativas: flexibilidade, mente aberta, bom conhecimento do potencial dos estudantes e abertura para os valorizar, bem como uma permanente procura por novas ideias. Criação de uma comunidade escolar sólida baseada em princípios democráticos.