Case study
Testemunhos de jovens sobre o Racismo
No seu país de origem, o jovem frequentou a escola durante 10 anos.
Jovem afegão de 26 anos, à procura de asilo, a residir em Portugal há 2 anos; casado e com um filho pequeno. O nível de português é elementar em termos escritos (A2), e intermédio ao nível falado (B1).
Vinte estudantes: 12 afegãos, 1 russo, 1 somali, 2 sírios, 3 portugueses e 1 marroquino.
Sem que lhe fosse perguntado, durante a aula de “Português, Comunicação e Sociedade” um estudante acaba por referir na turma que foi insultado várias vezes na rua, de uma forma racista. No momento do ataque sentiu-se de tal maneira sobrecarregado/oprimido, que não soube como responder.
Até ao momento o jovem encontra-se a frequentar a turma noturna da formação de 2ª oportunidade de Educação de Adultos, de modo a obter um certificado de educação obrigatória.
Dois professores na sala-de-aula, com conhecimento sobre o Ser Humano e a natureza humana.
Dar ao estudante o tempo suficiente para se expressar e contar as suas experiências. O professor deve ser flexível e deve definir objetivos para turma noturna, que neste caso podem estar mais relacionados com questões de educação política, o que também faz parte do currículo. Uma atmosfera positiva de confiança nos professores e pares é essencial para que se possam partilhar experiências
- Dá ao estudante a possibilidade de libertar tensões, porque o estudante sente que alguém o levou a sério e que tem alguém que o ouça. Não considerar a situação é como negar que a mesma tenha acontecido, o que acaba por permitir que, por exemplo, ações de racismo se repitam.
- Os colegas do estudante que sofreu ataques racistas podem aprender que o racismo acontece, e compreender que sentimentos/emoções advêm do racismo.
- Os estudantes que possam ter sofrido de experiências similares aprendem que situações como a sua também acontecem a outras pessoas. A troca de experiências ajuda a perceber que reações são apropriadas e inapropriadas.
Introduzir os primeiros 10 Diretos Humanos. Os estudantes podem participar numa atividade em que têm de decidir que direitos foram violados na situação descrita pelo colega estudante. A implementação dos direitos humanos na lei pode também ser alvo de discussão.
Consciencialização de que cada pessoa tem direitos e que o anti-racismo não é apenas uma questão ética, mas também uma proteção dada pela lei. Assim, os estudantes aprendem que situações de racismo podem, por exemplo, chegar aos tribunais.
Os estudantes executam um role-play/simulação da situação de racismo que ocorreu, definindo quem é o agressor e quem é a vítima. Assim, podem pensar em formas diferentes de como a vítima pode responder de forma não violenta.
- Os estudantes ficam mais preparados em como reagir adequadamente nessas situações, sem violência.
- Os estudantes que assumam o papel de agressor podem entender e expressar a possível (mas não justificada) motivação do agressor.
O professor fala aos estudantes sobre organizações não-governamentais que ajudam pessoas que sofrem de racismo. O professor refere que é importante reportar este tipo de incidentes, de modo a estes serem registados nas estatísticas, para que tal não seja negligenciado pois ainda está presente em vários países, incluindo em Portugal.
Os estudantes compreendem melhor quem desejam ser no futuro, tornam-se mais autónomos e compreendem que as instituições, o Estado etc providenciam uma rede e aconselhamento para casos de racismo, entre outros casos de discriminação.
Antes de se decidir falar sobre o foco do problema, importa garantir que os estudantes não se sentem desconfortáveis sobre o assunto e podem beneficiar da atividade.