Educação de género para adolescentes em contextos multiculturais

⌚︎ 3 min.

 

Case study

Educação de género para adolescentes em contextos multiculturais

Kind of education

Educação secundária (formação vocacional). 

Definition of the learner

Jovem cigana de 15 anos a frequentar um curso de formação vocacional. 

Description of the group

Grupo de estudantes dos 12 aos 16 anos, em contexto formal e informal.

Definition of starting situation

Abigáil é uma jovem cigana de 15 anos que frequenta o primeiro nível do ensino básico vocacional. Atendendo ao seu contexto, a mesma frequenta a escola apenas por ser uma obrigação legal até completar os 16 anos de idade. Apesar de ser uma estudante muito inteligente e com um grande interessa por literatura, tem muito claro para si que quando completar 16 anos (idade a partir da qual já não precisa de estar inscrita na escola), irá parar de estudar.

A estudante tem um namorado que vive nas redondezas da sua casa; quando o vê tenta ser discreta pois, de acordo com as tradições da sua cultura, para estarem juntos têm de casar. A partir do momento em que ela se casar, ficará a depender da família do marido, pelo que não será bem considerada caso continue a estudar.

Não obstante a ser uma estudante brilhante e ter uma capacidade profunda de análise crítica da sua realidade, ela assume com resignação que ou aposta no amor e em formar uma família, ou em continuar a estudar para ter um futuro profissional que ela possa escolher e através do qual possa gozar de independência e liberdade (alternativa esta que não é bem aceite na comunidade cigana, sobretudo no caso das mulheres). Atualmente, a jovem decidiu optar pela primeira opção, pelo que irá arcar com as consequências que daí advenham. 

Como muitos outros jovens, Abigáil segue os passos das referências do seu contexto (as mulheres na sua família e dos seus círculos próximos não tiveram oportunidade de continuar a estudar). Apesar da sua grande convicção da decisão que tomou, ela está consciente da injustiça da situação dado que, por exemplo, no caso dos rapazes da sua idade, estes têm maior liberdade para escolherem se querem continuar a estudar ou não (não obstante a não ser algo muito comum na comunidade cigana).

A sua professora sente-se impotente porque não sabe como lidar com a situação, e sente que não consegue fazer nada para dar mais oportunidades a Abigáil.

Description of the course

Formação vocacional básica. 

Description of teaching team

 Escola secundária, professores e educadores da formação vocacional.

Possible actions and impacts
Actions
Impacts

O formador(a) organiza uma atividade com todo o grupo em que cada estudante se apresenta e fala sobre as suas expectativas em reção ao futuro (profissão, contexto, onde viver…).

O grupo cria empatia com os colegas e eles conhecem-se melhor; tornam-se também mais conscientes sobre a questão das diversidades existentes no grupo.

Cada estudante desenha a linha entre o seu passado (onde nasceram e cresceram) até ao presente. Devem marcar os eventos mais importantes das suas vidas, o que fizeram para serem quem são hoje em dia. A linha da vida deve continuar pelo futuro e cada estudante deve escrever como é que se vê a si próprio no futuro, o que quer atingir etc. 

Individualmente os estudantes focam a sua atenção na sua vida, para que possam refletir sobre as suas potenciais vidas e as escolhas que fazem.

Um testemunho externo de uma pessoa que tenha escolhido um outro caminho é apresentado e explicado, sendo que a sua linha de vida mostra grandes diferenças entre o que era a sua vida há uns anos e atualmente. A pessoa (mulher cigana) não tinha qualquer expectativa sobre o seu futuro e pouco a pouco acabou por alcançar aquilo que nunca esperou conseguir. 

O grupo compreende que por vezes as expectativas que temos sobre o futuro de uma pessoa depende do seu contexto, origem cultural ou género. A descoberta de que outras formas de vida são possíveis mesmo quando as tradições são tão fortes, podem influenciar as decisões, neste caso de uma rapariga.

O grupo comenta o testemunho apresentado e falam sobre as expectativas que tinham sobre a pessoa antes de ouvirem a sua história e o seu contexto. Um debate sobre estereótipos de género (e como ultrapassá-los) inicia-se, e algumas conclusões são retiradas. 

Os estudantes dão a sua opinião sobre a situação refletindo sobre a mesma, confrontando com o caso da sua colega e chegam a uma conclusão. Diferentes opiniões são colocadas em confronto e os estereótipos são rejeitados. O debate é enriquecido partindo de diferentes casos (de estudantes de diferentes culturas e origens). 

O facilitador(a) apresenta a seguinte questão ao grupo: Têm diferentes expectativas sobre as pessoas dependendo das suas origens, culturas ou género?

Serão alcançadas algumas conclusões através do inter-conhecimento entre os jovens e da discussão sobre o caso apresentado.

Advice, remarks, conclusions

Neste estudo de caso, o facilitador(a) trabalha sobre um problema através de uma sessão de consciencialização em que:

- Os estudantes tomam conhecimento da situação.

- Uma pessoa externa que viveu uma situação em particular dá uma palestra para o grupo.

- Um debate é desenvolvido para que sejam encontradas soluções para a situação.

A duração da sessão deverá ser de duas horas.

A pessoa organizadora é responsável por procurar um testemunho (alguém que possa contar a sua história). É aconselhável que seja uma jovem mulher cigana que tenha atingido mais do que aquilo que seria esperado no seu contexto.

Fonte de inspiração ao caso: http://www.gitanos.org/publicaciones/50mujeres/

 

Keywords
Educação Intercultural
Género
Oportunidades