Case study
Teorias da Conspiração pelos Media Social
Educação básica noturna.
Adultos - a partir dos 16 anos; grupo diversificado em género.
Várias nacionalidades, em que o Português pode ser primeira ou segunda língua.
Composição da turma em grupos pequenos devido à heterogeneidade da turma e dos planos de aprendizagem individuais (6 a 10 estudantes).
O contexto de formação vocacional (VET) notou um aumento de uma atitude intolerante por parte de um estudante português numa turma de educação de adultos (nível básico). O grupo é composto por 6 pessoas de diferentes origens (3 portugueses, 1 tunisiano, 2 marroquinos). Um jovem português já terá tido problemas comportamentais numa outra ocasião, mas agora a sua atenção tem estado voltada para teorias da conspiração. Este jovem tem 28 anos e é socialmente desfavorecido. Este cresceu numa família adotiva. Mais tarde o jovem mudou-se para uma instituição de acolhimento infantil, e o contacto com os seus pais adotivos terminou por essa altura. Atualmente vive sozinho, no seu apartamento, e sustenta-se pelo rendimento mínimo dado pelo governo. Ainda não se conseguiu integrar no mercado de trabalho e enfrenta o risco de isolamento.
O jovem encontra-se a frequentar o curso desde há um mês e costuma ter vários problemas. Neste momento tem vindo a fazer alegações relativamente à política atual, à sociedade, sobre os refugiados etc…Por exemplo, o mesmo refere que o movimento pelos refugiados faz parte do plano para conquistar e “islamizar” a Europa. Considera que os refugiados são apenas migrantes económicos, que chegam para receber o rendimento mínimo do governo e que querem tomar o poder.
As reações dos outros participantes são diversas: uns silenciados encolhem-se, outros riem, outros ficaram aborrecidos, mas outros interessados. A direção do programa de formação tem tentado encontrar uma forma apropriada de reagir a estas alegações, sem negligenciar o participante.
Foco nos conhecimentos básicos (Matemática, Ortografia, Leitura, Literacia Informática).
Duração: individual, de longo-prazo; por referência às necessidades.
3 horas de ensino por semana.
Um formador com Qualificação para Educação Básica de Português.
Dada a grande atenção que o problema atrai no grupo, o/a formador(a) decide trabalhar sobre esse tema. O/a formador(a) descobre que aquele jovem se inspira nos media, como é exemplo o Facebook. O/a formador(a) começa a trabalhar com os participantes sobre o tema de internet e tenta moderar a pesquisa, procurando debater sobre algumas teorias da conspiração. Para isso organiza os grupos de modo a que façam pesquisas diferentes para alimentar o debate. O/a formador(a) orienta os participantes para descobrir que sítios na internet são confiáveis, quais as que não são e como verificar se a informação é falsa ou verdadeira.
O impacto em todo o grupo de participantes foi o seguinte: O grupo aprendeu a desenvolver algum cepticismo sobre os conteúdos na internet. Consciencializaram-se sobre o quão importante é questionar a informação dada pelos media, sobre notícias falsas e aprenderam a fazer pesquisas na internet.
Relativamente ao jovem que despoletou alguma preocupação, este concluiu que estava fascinado pelas ditas “falsas realidades”. Durante as pesquisas, ele desenvolveu o sentimento de que poderia estar iludido por alguma informação e demonstrou maior dúvida em torno das teorias da conspiração.
- Os exemplos de alegações podem ser adaptados a problemas específicos da turma e a referências nacionais e internacionais.
- Evitar clichês na comunicação com os participantes.
- Ao enfrentar teorias da conspiração no grupo, é aconselhável compreender o problema em vez de o ignorar.